quinta-feira, 24 de março de 2011

quase sonho

Poderia ter sido uma ida comum ao mercado depois da aula, mas logo que fui entrando a avistei, parecia que já nos conhecíamos, mas na verdade eu nunca havia visto tão bela figura, com seus trinta e poucos anos (talvez beirando os quarenta), cabelos ruivos, encaracolados e curtos, vestia uma blusa roxa, e seus brincos também eram dessa cor, e nela essa repetição não ficou brega, nas unhas um laranja quase rosa, da cor do pêssego que eu comi hoje de manhã. Penso que ela percebeu meu olhar de espanto e admiração, fiquei envergonhada com a minha atitude, e quando ia me virar para mudar de corredor, ela me abriu um sorriso. Continuei minhas compras, e instantes depois de eu chegar na fila do pão, ela para ao meu lado e presta atenção no que peço: "dois pães e um pão de queijo, que dizer, dois pães de queijo". Quando fui para a fila do caixa e encontrei um amigo, ela novamente estava lá e reparou em tudo que eu disse para ele: "você que que eu te espere?", perguntei isso a ele implorando para que ele dissesse que sim, para que eu pudesse ficar lá por mais alguns minutos. Peguei minhas sacolas e minha mochila e fiquei esperando do lado de fora, fiquei pensando e cheguei a conclusão que ela fosse mãe por causa das compras dela, vi um carro estacionado e imaginei que aquele que deveria ser o dela, mas eu não sou boa de descrever carros, mas posso dizer que o carro era a cara dela, era grande, alto, mas não era daquelas pickups que custaram a vida, era simples, aqueles carros que as famílias dos road movies estadounidenses usavam para viajar. Ela saiu, sorriu e se despediu de mim, como se realmente já houvéssemos nos encontrado em algum momento da vida. Ela entrou no carro que eu imaginava ser o dela e só pude me perguntar o porque dela ter ido justamente naquele mercadinho, caro e sem graça.

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