segunda-feira, 31 de maio de 2010

fugas

Às vezes não gosto de indiscrição. A tarde hoje poderia ser tranquila, mas as janelas não permitem, as horas não permitem e os pensamentos muito menos. Fugi do meu lugar e não sei explicar bem o porque, não há uma única razão para isso. Geralmente sou indiscreta e escrevo tudo sem mistério ou nós, mas hoje não consigo, quero ser discreta e plantar a duvida em quem está lendo, só para ter alguma graça. Alguém que me conheça muito bem saberá de onde fugi, para onde fugi e talvez o porque disso tudo, por enquanto é só uma coisa abstrata.

a dica é : não fugi para itanhaém, hoje não. Só vou amanhã.

Achei essa foto condizente com meu humor ultimamente, bem que o lugar onde foi tirada podia ser uma rodovia, com uma placa que me apontasse algum lugar.

Ouvindo Interpol com o Pedrinho, que tirou a foto.

domingo, 30 de maio de 2010

I just cant see

Let’s get out of this country
I’ll admit I am bored with me
I drowned my sorrows and slept around
When not in body at least in mind

Tô verborragica ultimamente. Acontece que descobri algo muito interessante e devastador, cheguei a conclusão que Marília não é longe o suficiente. Vontade de pegar mochila e sair por aí eu até tenho, mas quer ir muito longe, e me estabilizar nesse lugar, seja ele qual for. Um lugar que as ligações telefônicas que minha familia eventualmente faria, sejam muito caras, então aos poucos deixariam de telefonar. Um lugar que tenha tranquilidade e agito na medida certa, provavelmente um lugar que só existe em minha cabeça.

revolta cult II

Nos filmes morrer é bonito, ou torna-se poético ou totalmente banal. Aliás, banalidade é uma palavra que gosto muito, acho que ela engloba muitas coisas. No momento penso que de tão cult, essa mostra de cinema se tornou banal demais, quando saí da sala e fui para o corredor do cinema no intervalo entre os filmes, pude ver muitas pessoas com cara de que sabiam tudo sobre qualquer coisa, mas na verdade pareciam prontas para tirar uma foto para qualquer coluna social. Não sei se em outros tempos eu gostaria muito mais desses filmes, porque acho que tenho certeza que não quero entender de cinema, quero assistir, gostar ou não gostar sem ter que me justificar, se for burrice minha, azar.
Também não sei se o problema agora sou eu, que não consigo ver a vida nem com poesia e nem com realidade suficiente, às vezes me pergunto se estou no lugar certo e se ando por aí com as pessoas certas para esse momento, não tenho talento ou noção de arte, sou burra, mais do que gostaria de admitir, na verdade. Um mero acaso aconteceu e estou aqui agora, outros acasos aconteceram e conheci quem não devia, beijei quem não devia , bebi o que não devia, disse o que não devia e estive em lugares em que não devia estar. Digo oi para quem não deveria e evito o olhar de quem realmente quero dizer oi e tantas outras coisas, tenho medo como o menino da calça branca do post de ontem, agora já não sei se estou pronta para me sujar, e tenho certeza que não depende só de mim.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Eu vi um curta, era sobre um menino que ganhava uma calça branca. Então ele deixou de brincar com os outros garotos para não sujar a calça. Eu lembro de quando eu era criança e tinha alguns medos parecidos, coisas que agora parecem ser bobas, mas não são, porque fazemos pior quando temos medo. Eu associei a calça com o medo de amar e da sujeira que viria com isso, não deixei que minhas calças brancas ficassem sujas. Hoje com certeza rolaria na lama e me sujaria, e se isso for uma metafora sobre amar, daria a cara a tapa.

sou ego, sou ista , eu sou egoísta.

Arrumei meu quarto, estendi um lençol sobre a minha cama que sempre esteve bagunçada. Me sinto bem, apesar dos eternos conflitos em um espaço tão pequeno. Não gosto de instabilidade , gosto de decisões firmes e de pessoas convictas, mesmo que as decisões sejam péssimas e as convicções sejam piores ainda , ao menos em coisas que afetem algumas ou muitas pessoas. Eu sou instavel, contraditória e às vezes indecisa, mas geralmente isso se resume apenas ao que eu vou vestir antes de sair de casa e a coisas amorosas/sexuais. Também sinto todas as tensões, mas agora devo ficar triste por eu me sentir bem aqui, porque eu gostaria de ficar aqui, mas talvez troque de casa antes do que imaginava, onde minhas únicas tensões vão ser com os móveis.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Mais uma postagem de despedida nesse blog, e a cada vez que vou de um lugar a outro me despeço de tantas coisas incontáveis e outras simplesmente grudam em mim. Quando cheguei em casa naquela manhã de sabado, queria fugir do sentimento que eu achava que ameaçava o que eu sentia pelo resto do mundo. Ela, a de inúmeros posts, beijou outra, e aí? Há tanto tempo que não me importava, que achei a minha crise de ciúmes tão amedrontadora que a única coisa que pude fazer foi fugir. Fugir delas, de todas elas, fugir daquela bebedeira, fugir das besteiras que digo. Voltando pra casa, as oito da manhã, na chuva e raspando minha mão no muro mais aspero que pude encontrar, decidi que iria embora para algum lugar seguro, que por sinal era o lugar tantas vezes tão perigoso. Fugi, me refugiei no quarto que sempre foi meu, mas naquela cidade encarei medos guardados com tanto cuidado. Não fugi, mas fui obrigada a ir para São Paulo, e aqui estou, digitando isso porque sei que em algumas horas irei embora e sei que essa foi uma das semanas mais dificeis de todas. Não é o cancer da mãe, é muito mais do que isso, como no outro post, choro sem saber o porque, talvez por perceber que esse negócio de familia importe sim, talvez por me pegar andando de mãos dadas com minhas tias e tios, por me pegar jogando video-game com a minha prima, por fazer as unhas na hora em que todas estavam fazendo. Eu me importo, sempre quis negar isso, sempre disse que não me importava com nada, que era só estar longe. Eu quero estar longe, quero muito, porque sei que quando estou perto, eu me importo, eu amo, eu me divirto. Não consigo conter minha alegria, estou contando as horas para meia-noite, para eu entrar naquele onibus e sumir.

sábado, 22 de maio de 2010

2006-2010

And in the first moment of her waking up
She knows she's losing it, yeah she's losing it
When the first cup of coffee tastes like washing up
She knows she's losing it, oh yeah she's losing
Oh yeah she's losing it

quinta-feira, 20 de maio de 2010

sobre as banalidades cotidianas

Se preocupam com a sujeira das ruas
Com a sujeira das pessoas
Com a sujeira que está no ar
Sujeira dos pés
Não percebem que a sujeira está em todo lugar

Na casa
No tapete
Na gata
Na vida

terça-feira, 18 de maio de 2010

Fiction

Já estava na garagem do prédio mas precisava voltar para pegar um sutiã especial que havia ficado no apartamento. Entrou no elevador e apertou o número 7, as portas se fecharam e ela num instante desabou, se afogou em lágrimas e soluços, chorou pela própria existência banal, pela estupidez humana. Sabia que havia uma câmera e que talvez o porteiro a estivesse vendo, mas não ligava, há muito tempo não fazia isso. Há algum tempo que só sabia chorar em silêncio e muito bem escondida, afinal, achava muito desagradável alguém que nem conhecia direito chorar na sua frente pois ficava totalmente sem reação. E lá estava ela, chorando num elevador que poderia parar em qualquer andar para qualquer outra pessoa subir. Ninguém entenderia, pois nem ela entendia nada naquele momento. Não precisava de profissionais, Jesus , ou qualquer tipo de salvação, não quero colo ou cafuné, não agora. Precisava de alguém que soubesse ficar em silêncio. A essa altura qualquer pessoa que estiver lendo isso percebe que essa história não é tão ficcional assim e que a personagem desse pseudo-conto sou eu, como em tudo nesse blog, porque devo ser egoísta e egocêntrica, ao menos foi isso o que sempre me disseram. No meu 2° acesso de choro do dia, dessa vez no carro, me disseram sutilmente que eu tô desse jeito (e alguém sabe o jeito que eu tô, ou como eu deveria me sentir com a minha própria vida?) porque eu nunca assumi nenhuma responsabilidade na vida. De fato, detesto responsabilidades, me manter viva já me parece uma grande. Não foi a responsabilidade ou cansaço que me libertou hoje para poder chorar sem medo, não sei o que foi e não quero saber. Me sinto mais leve apesar do peso enorme que é ter que estar ou parecer estar sempre bem. Sobre a postagem anterior, da criança recém-nascida, foi apenas o que senti na hora, e sim, o sofrimento de existir é inevitavel, mas não odeio crianças ou algo do tipo, pelo contrário.

podem em chamar de insensível e pessimista

As portas se abriram e ao contrário do que eu esperava, não saiu uma maca com um corpo grande, o que surgiu era um mini-corpo. De repente houve alegria no corredor gelado de rostos angustiados e apreensivos, as pessoas correram, sorriram e fotografaram. A enfermeira dizia que estava tudo bem, apesar do parto prematuro e que era um menino, o que dava para notar pelas vestes azuis . As pessoas choravam porque aquele pequeno ser havia chegado por aqui, choravam de alegria. Minha vontade era chorar de piedade pelo mais novo sofredor. As pessoas felizes foram embora e o som silencioso da angustia voltou a reinar naquele corredor, somente o som, porque para mim a chega do pequenino só me deixou mais angustiada. Podem dizer que eu não tenho sentimentos, porque eu sei que tenho, mas celebrar a vida parece ser a coisa mais imbecil que existe.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Head like a hole

Help me; I broke apart my insides
Help me; i've got no soul to sell
Help me; the only thing that works for me
Help me get away from myself

Eu lembro de quando eu tava no ensino médio e eu me sentava aqui, nessa mesma mesa, ouvindo a mesma coisa que estou ouvindo agora. E por algum motivo, eu gostava mais do que gosto agora, mesmo sem ter tido o "fucking like an animal", eu já sentia isso. Nessa semana vejo pessoas que estudaram comigo em todas as partes, elas parecem não se lembrar de mim e eu agradeço. Fico feliz por cada pessoa nessa cidade não se lembrar ou não me reconhecer, eu também já não reconheço mais nada, muito menos esse lugar onde moravam meus sonhos. Reconheço lugares escuros onde faziamos coisas escusas. Reconheço os trilhos do trem, a praia, o vão em baixo do convento e o lugar 'secreto' perto de tudo isso. Reconheço as coisas que me fizeram chegar ao que sou nesse exato momento, porque o meu ser também muda, assim como os significados dos lugares e das pessoas. Lembro-me de como me sentia cada vez que estava em algum desses lugares, e era bom, apesar de amedrontador. Talvez tenha sido precoce, talvez não, cada pessoa tem seu tempo, talvez pudesse ter evitado algumas coisas, algumas cicatrizes. Talvez amenizaria as tensões com mentiras planejadas com perfeição. Preferi me despir , deixar que toda a raiva e preconceito me atigissem como navalhas, para assim me tornar mais forte para o que viesse depois. Deixei, e essas navalhas ainda me acertam, ainda machucam, mas não tanto quanto poderiam machucar - e é isso que irrita as outras pessoas. E a cada dia me vejo mais diferente das pessoas que me criaram e das pessoas que sempre ou quase sempre estiveram comigo. Hoje, me preparo para mais agressões, que eu facilmente poderia evitar, como quase tudo pode ser evitado. Não evitarei, deixarei que cada palavra me acerte. E voltarei aliviada por saber que eu poderia ser daquele jeito, aliviada por ir.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

sobre alguns anos atras

Won't you tell me what you're thinking of
Would you be an outlaw for my love
If it's so, well, let me know
If it's "no", well, I can go
I won't make you

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Hoje à tarde saí para comprar pão, mas resolvi passar na praia e dar um tempo por lá, só para fechar os olhos e ouvir o mar, tipo o barulho que dá para ouvir nas conchas, só que bem mais barulhento e real. Depois, voltando para casa, encontrei três pessoas que estudaram comigo no ensino médio, abaixei a cabeça e elas também, nos notamos mas não queriamos nem trocar um oi, já que esse oi nunca foi trocado em três anos de convivência diária. O estranho foi elas parecerem iguais ao que eram antes, ao menos fisicamente. Depois parei para jogar futebol com duas crianças e seu avô. Pensei que foi legal, digno de ser postado aqui, só que chegando em casa, ou no lugar que eu chamo disso, tive tantas coisas para fazer que esqueci completamente de como foi agradável ouvir o mar e jogar bola. Alguma coisa aqui parece pesar imensamente, ou os últimos dias aqui ou em qualquer lugar estão sendo extremamente massantes.

Estar lá era um peso, estar aqui também é. Estar lá era um peso porque eu queria estar aqui, estando aqui, não queria estar lá, mas as discussões são tão sem sentido que eu queria não estar em lugar nenhum. Por algum motivo nao consigo terminar esse post.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Peguei minha bicicleta e fui indo, fui descendo, passando por lugares tão familiares no clima tão tipico de maio nessa terrinha.

domingo, 9 de maio de 2010

Afastem-se vacas, que a vida é curta

Pude ver um mar revoltado pela janela do ônibus, já estava em Mongágua com a chuva batendo em todos os lugares. Fazia frio quando desci do ônibus no ponto tão conhecido de uma rodovia. O que pude fazer foi parar e gritar, um grito dfe raiva, de alivio, de felicidade, um grito de redenção. Cada vez é mais estranho, mais sem sentido e libertador. Penso em dar uma volta.

sábado, 8 de maio de 2010

Pensando com mais calma, vou viajar. Saio em 20 minutos, não sei o que sinto agora. Só sei que sinto, minha mão arde, e agora tenho mais uma cicatriz das besteiras que digo.

quinta-feira, 6 de maio de 2010


Entraria no mar, mergulharia e arregalaria os olhos, veria aquele outro mundo, por um tempo não haveria maldade, não haveria qualquer outra pessoa, não haveria céu, chão ou ar. Faltaria o ar, mas aí não pareceria mais tão necessário, faltaria mais ar, e aí, tiraria a cabeça da água e sentiria todo o ar do mundo, toda a maldade, tudo de novo. Mergulharia de novo, infinitas vezes e as ondas passsariam por cima de mim, faria um esforço enorme para conseguir ficar lá dentro mais tempo, cada vez mais, até que não houvesse mais necessidade de oxigênio. Sentiria o sal na pele, na boca e nos olhos. Sentiria o gelo da água da manhã com os primeiros raios de sol me cegando, poderia também sentir o quente da água do fim da tarde, com os últimos raios de sol se escondendo. Me afogaria, como no sonho onde ninguém me salva. E então, um suspiro aliviado de quem não tem mais ar.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Fiction - Sabado

Sabia que não deveria e nem queria estar ali, mas não conseguiu conter, pensou que poderia dançar mais um dia. Gostava do escuro interrompido pelas luzes coloridas, podia dançar e ver somente partes. Via pernas, braços, bundas e cabelos de pessoas alheias, conforme as luzes confusas as iluminavam, eram pés que se moviam freneticamente conforme a música. Não precisava falar com ninguém, não havia nem como haver uma comunicação. Estava sóbria mas parecia embriagada de uma sensação única, queria voltar cedo e sã, não queria ninguém, naquele momento desejava não ter carinho por qualquer ser humano.Era só ela, as luzes e os outros corpos. Nunca se sentiu com tanta privacidade, estava no meio de tanta gente, mas inteiramente só e inteira.

sábado, 1 de maio de 2010

Fiction

Ainda podia ver uma lua enorme no céu branco do amanhecer, caminhava com passos lentos e tortos, tinha as faces quentes e molhadas, borrava o rosto com a maquiagem, tropeçava e continuava. Os pés, a garganta e a cabeça doiam, pensar doia. O caminho parecia não ter fim, levou uma hora e meia num trajeto que normamente demorava quarenta minutos. Chegou, tropeçou, subiu e tropeçou de novo, viu uma porta aberta, parecia haver uma luz divina naquele lugar que várias vezes amaldiçoara, entrou, num ato de extrema consciência, lavou os pés, deitou e sonhou, nesse sonho parecia haver uma solução, mas era tão dificil.