sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Chove

Saí da casa da minha mãe ontem às 13:00, não voltei até agora.
Não, dessa vez eu não briguei com ninguém, mas olhar para a praça de uma janela alta tem me dado muita satisfação. Visitar os lugares que há tempos eu não ia, mesmo quando ainda morava aqui, me encheram de alegria, tristeza e nostalgia.

Algo está acontecendo, estou chorando tudo o que não chorei em 2009, qualquer coisinha já é o suficiente para me encher de comoção, que agora, transborda sem vergonha ou impedimento. Uma ansiedade sem razão me consome, estou em uma lan house, não tenho motivos reais para estar aqui, mas tem uma janela no alto, posso olhar a chuva caindo na praça. E de certa maneira, isso me lembrou dos dias em que eu evitava ao máximo chegar em casa, com medo de se repreendida de alguma maneira, pelo que eu era (e sou) e ficava em uma lan house, mandando emails para amores platônicos. Hoje , acho que já estou indiferente à várias coisas, saí, não voltei, dormi no meu pai sem que ele quisesse. Agora, ele não sabe onde eu estou, deve estar ligando feito louco para o meu celular, que está desligado. Em um dia inerte, como hoje, não tem livro do Hesse que me anime, muito menos, Virginia Woolf. Eu tenho uma praia, a 5 minutos, onde o mar também deve estar transbordando, devido à chuva. Também transbordo diversos sentimentos, que em dias, inertes, como o de hoje, se confundem.
Eu posso ir lá, e ver se o lugar que sempre me trouxe paz ainda tem esse poder, ou se agora é apenas, um mar, uma praia, em algum lugar que não me pertence mais, isso se algum dia pertenceu.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Escrito em 24/01/10

Ouvindo: Suedehead - Morrissey

"No camarote sufocante, transtornada pela vibração das paredes de ferro e pela
exalação insuportável do lodo revolvido pela roda da embarcação, Meme perdeu a
conta dos dias. Tinha passado já muito tempo quando viu a última borboleta amarela
sendo destroçada nas pás do ventilador e admitiu como uma verdade irremediável que
Mauricio Babilonia tinha morrido."

Entreguei os pontos e entreguei as chaves, na verdade eu nem nem sei qual das duas coisas me deixou desse jeito, me fazendo chorar todo o caminho da minha ex-casa até a minha nova casa. Talvez, finalmente entregar os pontos tenha me deixado em estado de choque, afinal, da outra vez que chorei aqui, foi em uma tentativa de entregar os pontos, que resultou em uma dedicatória ridicula pro "O lobo da estepe", que na época era meu livro preferido.
Tentei dizer muitas coisas na hora, mas pessoas, uma em especial, insistiam em interromper, e é óbvio que essas interrupções eram mais importantes do que uma conversa banal e sem sentido com um ser de 18 anos que não sabe de nada e não tem "maturidade emocional".Sinto que apesar de ter me divertido, aprendido e conhecido várias pessoas, teria sido muito melhor se nada tivesse acontecido, ao menos eu nunca teria caído da escada e torcido o pé, porque eu disse, sem saber como, que a amava. E ele ainda dói, parece uma força enigmática ou sei lá o que, mas ele sempre dói quando por dentro dói mais ainda. E ontem, doeu.
Já não sei se o que eu disse ontem foi da boca para fora, saberei em março. Se quando ela entrar na sala, eu vou ficar totalmente indiferente ou se aquela ansiedade me consumirá inteira. Se eu ficar indiferente, terei certeza que não me enganei mais uma vez, porque desde maio, até ontem, não houve nenhuma indiferença à sua presença. E agora, com as chaves e os pontos abandonados, sinto como se a última borboleta amarela fosse esmagada na minha frente. Não quero que ninguém morra nem fisicamente e nem para mim, só quero quero a indiferença, para que assim , outras pessoas consigam gostar de mim. E desde agora, existe uma pessoa, que eu nunca quero estar indiferente.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Empacontando

"At the final moment, I cried
I always cry at endings"

Tô empacotando tudo, fiz o que tinha que fazer e terminei algo que comecei (leia-se 1º ano de faculdade, o que, para o meu histórico de não terminar nem curso de inglês, já é uma vitória). Quando eu cheguei aqui eu era uma topeira, não que eu não seja em alguns pontos, mas nem se compara. O grande barato era poder dormir até tarde sem ter ninguém me enchendo o saco e comer sorvete no almoço se estivesse afim. Agora eu vejo que tudo é mais chato, o mundo não é tão colorido assim.
De qualquer forma, eu tenho praticamente um quarto para empacotar antes de amanhã, ou melhor, de hoje à noite, porque se tem uma coisa que eu não aprendi, é ter algum tipo de responsabilidade. Eu devo ter aprendido alguma coisa de algum teórico, mas o suficiente para perceber que não servem para muita coisa. Mas o que aconteceu nessa casa, não vai caber em caixa nenhuma, meu pé torcido e todo o sentimento por tras disso não caberá, mesmo que agora já esteja disperso, todos os vômitos, banhos de mangueira, almoços, olhar o céu da sacada, chorar no lavabo, viver no kanashiro e talvez, poder fazer xixi em casa quando estou lá.

de fato, vou sentir saudades, já estou sentindo e já sinto o meu rosto quente.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Head like a hole.
Black as your soul.
I'd rather die than give you control.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Everbody's gotta learn sometime

Change your heart
Look around you
Change your heart
Will astound you
I need your lovin'
Like the sunshine

Eu lembro de quando eu tinha uma agenda, com desenhos bonitinhos e adesivos, onde eu escrevia sobre amors platônicos e fugazes. Eu também tinha várias canetas coloridas. de cores berrantes, com glitter, até uma branca com cheiro de pipoca. Também tinha uma coleção infinita de papéis de carta, nos quais eu pensava em um dia escrever cartas de amor breguissimas, para alguma pessoa x, que algum dia, eu tinha certeza que existiria. Essa(s) pessoa(s) nunca existiram por completo para mim, eu nunca escrevi essa carta e agora essas coleções já não existem mais.
Agora eu duvido que exista apenas uma pessoa x. Deve existir alguém que apenas tenha alguma coisa em comum, sendo assim, eu posso gostar de muitas pessoas (não no termo pessoas que eu detesto, fica para um outro post). O problema, é que eu cansei dessa putaria toda, porque, deixando o ceticismo de lado e já me contradizendo, como sempre faço, deve existir alguém que tenha algo além de algumas coisas em comum, não necessariamente, uma pessoa só.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Alguns dias nem deveriam existir, hoje é um deles. Começou com o meu mau-humor matinal ao acordar e lembrar da maravilhosa (precisa falar que é ironia?) aula de política, passando pelo sumiço temporário das minhas havaianas, por estar um calor do cão e eu estar de calça, pela frustração de saber que logo não dormirei ouvindo os burburinhos vindo do bar e que morarei em um apartamento, coisa que sempre tive medo (claustrofobia), somado com o cansaço fisico e a eterna dor de cabeça que devido ao vicio, nenhum analgésico tem a capacidade de curar e terminando com o sono, uma prova não acabada e uma conversa estranha no msn, que me deixou estranha. Vontade de tomar a porra do maracugina e dormir eternamente não me falta. A covardia é o meu hobbie preferido.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Clichê

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome"

A mesma coisa de sempre, uma eterna instisfação e uma grande crise existencial.

Não quero isso, mas também não quero as coisas como eram antes. Infelizmente, pegar a mochila e sair andando, só acontece em filmes ou com pessoas realmente corajosas ou covardes o suficiente, eu não sou nenhuma dessas coisas, estou exatamente no meio. Nesses dias mesmo, falando sobre "O lobo da estepe", pensei (não sozinha) que as pessoas sempre dividem tudo em dois polos e ignoram o que está no meio.
E agora, nesse momento, tudo parece ser tão banal, todas as preocupações parecem ser ridiculas, e de fato, talvez sejam. Eu não deveria estar aqui, não deveria estar em lugar nenhum.
Cansei de estar exatamente no meio, cansei de estar em todos os lugares e cansei de fugir de tudo. Alugamos um filme, onde todo mundo queimou a identidade, e eu percebi o quanto isso é utópico.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sei do escândalo e eles têm razão
Quando vem dizer que eu não sei medir
nem tempo e nem medo

Eu ainda me pergunto a razão de duas pessoas que dizem que se odeiam terem colocado uma filha no mundo. Se matem logo e me deixem em paz, já não basta todos esses anos de trauma?

sábado, 2 de janeiro de 2010

1º do ano.

Muito tempo que eu não sentia o vazio após alguém ir embora. Era a sensação de todas as férias, ver as pessoas colocando as malas no carro e uma a uma, desaparecendo. Com o tempo, não sobrou nenhuma que realmente me fizesse sentir isso, foram simplesmente perdendo a sua importância, embora os bons momentos sempre estivessem na memória.
Mas agora, eu me importei e uma grande vontade de simplesmente "não estar" toma conta de mim, porque sentir-se parte de algo é ótimo, mas quando acaba, o vazio é enorme.

O que importa, é que estou no meio de uma grande crise existencial, deve ser algo do cosmo, sei lá, ao menos no meu mapa dizia que eu ia passar por um período de introspecção. Eu não sei se eu quero continuar de férias ou se quero voltar, quero simplesmente, não estar em lugar nenhum.