sábado, 31 de julho de 2010

quem te viu, quem te vê

Não quero esconder meu amor em baixo de um fundo falso, não quero uma vida clandestina, não quero os dramas e o dizquemediz. Não quero que ouçam Maria Gadú ou Ana Carolina, não quero sair de regata branca e me sentir uniformizada. Não quero "nhnenhem", odeio quem faz voz de criança, não suporto conversar sobre futebol. O que quero, eu não sei.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Lembrou daqueles últimos momentos, nem fazia tanto tempo assim que havia partido novamente, com promessas de não voltar por um bom tempo. Foram dias agradáveis, apreciavam a companhia mutua, havia uma tal de cumplicidade naqueles goles de cerveja no bar da praça, em baixo do guarda-sol, eram iguais agora, com experiências diferentes, mas talvez a mesma cabeça nas nuvens, ou melhor, no céu. Lembrou dos objetos estranhos sempre presentes naquela casa, no enorme pedaço de coral, no berimbau, numa dentadura achada na areia da praia, no quadro que foi achado em um bordel, na caixa de fotos, no colar de conchas pendurado na parede, nos livros estranhos em algum outro idioma. Lembrou, de quando havia um sofá e uma poltrona, lembrou do dia mais agradável de todos, quando tinha 6 anos e estava sentada nessa poltrona, assistindo qualquer coisa na televisão atentamente, quando surge uma cadelinha branca pulando e lambendo, o que pode fazer foi perguntar "ela vai morar aqui agora?", meu pai respondeu que ela já morava lá há algum tempo e que se chamava Penta. E ela era linda quando corria atras do rabo, quando tentava saltar pela janela ou quando ia me acordar com grandes lambidas, era uma peste quando comia os meus brinquedos e eu os via destroçados no seu coco, comeu todos minhas miniaturas da Turma da Mônica. Mas era mais linda quando ia para a praia e nadava divinamente, quando ia caminhar todas as manhãs, sem a coleira, e não arranjava nenhuma encrenca ou quando ia correndo atras da bicicleta, era linda e abatida quando deu a luz na cortina. E esteve reluzente em seu último dia, enquanto fazia as outras pessoas chorarem.

domingo, 25 de julho de 2010

Senti saudades da minha cama de lençóis brancos da Minnie, do abafado das chuvas de verão, do ventilador barulhento, do céu estrelado de nenhuma possibilidade, da macarronada com suco de maracujá que eu fazia reclamando, do manjericão da horta, do suor das sonecas à tarde, da minha obsessão por trancar todas as portas ao anoitecer, das madrugadas na internet, da falta de ter o que fazer, do silêncio cortado pelo barulho dos grilos.

Sinto saudades do verão, saudades da casa da minha mãe, saudades das panelas de inox, de ouvir o mesmo cd para arrumar a bagunça do quarto e saudades de não ser tão alheia.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Às vezes me questionam o que eu quero para mim e o porque de eu ficar com tanta gente (e nem é tanta assim). Agora já tenho uma resposta pronta para dar: "O coração tem mais quartos que uma pensão de putas"

domingo, 18 de julho de 2010

fail

Penso que as coisas poderiam ser diferentes se as pessoas que eu tivesse convivido fossem outras, se a família que acompanhou o meu crescimento de perto, fosse outra. Detesto despedidas, porque são sempre egoístas, sempre quero a pessoa mais um tanto, às vezes desejo até ter um pedaço dela ou guardar num pote mesmo. E em alguns dias, como hoje, percebo que a saudade existe e é uma coisa concreta, mas também percebo que apesar dos anos, quando vejo tal pessoa, parece que o último encontro foi ontem e então tentamos fazer várias vidas caberem em alguns dias, ou em um almoço de domingo, com cara de família, com uma paz estranha e gostosa. E tudo que me vem à cabeça são as piadas, brincadeiras e a imagem que eu tenho é de uma pessoa sensata num meio de um turbilhão de gente perturbada que é essa família. A partida não me dói, porque o que já era distante só ganhou alguns km a mais, me dói perceber que eu posso ter perdido tanta coisa na falta da convivência.

No mais, terei um novo lugar para conhecer e mais algum tempo de saudade, o que é pouco para quem já teve tantos anos.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

"home is where the heart is"

sempre achei idiota essa frase, sempre presente em perfis do orkut alheios, mas até que faz algum sentido agora. São raras as ocasiões que me sinto realmente em familia.












(ainda acho essa frase idiota)


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Estavamos ali e ela dizia que nunca tinha beijado uma menina, mas dançavamos nos provocando a cada instante, eram mãos em cima, mãos em baixo, abraços e cheiros. Uma hora não conseguimos mais, e nos beijamos de repente, como quem não quer nada, e desse jeito ficamos o resto da noite, era fácil de ama-la só por aquela noite, por aquele ato, por aquele cheiro. Sabia que ela nunca se esqueceria daquela noite, e eu gostava disso, queria deixar algo além de uma marca roxa no pescoço, gostava de ser a primeira, de ter a responsabilidade de mostrar que aquilo não é errado, que é bom, que é gostoso. Ela era a melhor de toda a noite, apesar das outras serem incrivelmente decididas, preferi a indecisão daquela vez, queria amar instantaneamente alguém que fosse de fora, que não fosse pseudo-intelectual e pedante. E amei, aquele amor louco, aquele amor planejado, de sair e dizer "vou amar alguém por 5 minutos hoje", só que foi muito mais tempo. Ela foi embora, não nos despedimos, não havia necessidade. Não sei o nome dela, ela não sabe o meu e provavelmente nunca mais nos veremos. E é assim que eu gosto.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Eu poderia te dizer tantas coisas enquanto mato essa cerveja, poderia ter dito ontem ou em qualquer outro dia, mas quando tentei dizer, não acreditou. Talvez pensasse que fosse apenas a emoção do momento ou o algo que não fose eu falando por mim, mas não era, não costumo deixar que qualquer coisa se pronuncie por mim. Confesso que quero desistir disso, porque cansa, dói e é uma perda de tempo, não? Eu tento, de verdade, me convencer que os sinais que enxergo são falsos ou ilusões minhas, mas estão sempre lá. Preciso mesmo dizer tudo, mas não consigo, e eu sempre consegui, piso em ovos com medo de te machucar, e a mim também.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sempre pensei que o maior risco de conviver com as outras pessoas, seja o fato delas poderem ir embora, fisicamente ou metaforicamente. E negócio é que sentimento de perda é sempre uma bosta. Talvez seja egoísmo de querer que as pessoas sempre estejam "aqui" ou "lá", apenas o que for mais conveniente para mim. Por favor, pessoas, fiquem.

sábado, 3 de julho de 2010

É uma linda manhã de sabado, daquelas que até as pessoas mais mau-humoradas são obrigadas a admitir. Faz um lindo dia e eu vou embora, feliz por estar indo e ao mesmo tempo um pouco triste de partir na época em que as pessoas se reencontram. Talvez triste apenas por ter que ir embora em um dia tão bonito.