quarta-feira, 30 de junho de 2010

pé de amora

Após um dia inteiro de exaustão e insistências, chegaram naquele lugar familiar para ambas, entraram em uma fila, que era apenas um pretexto. Desanimaram-se com a quantidade de gente que havia tido a mesma idéia, então sentaram-se num banco, descansaram, se enconstaram e de repente todo o constrangimento e nervosismo passado foram embora. Enfim, beijaram-se e puderam esquecer de todos os porques e todas as voltas necessárias para que aquilo acontecesse. Fugiram para um lugar mais calmo, sentiram um gosto de amora, a textura misturada com o beijo. Uma foi embora e a outra fugiu por semanas.

terça-feira, 29 de junho de 2010

we slow hands

Yeah, but nobody searches
And nobody cares somehow
When the loving that you've wasted
Comes raining from a hapless cloud
Then I might stop and look upon your face
Disappear in the sweet, sweet gaze
See the living that surrounds me
Dissipate in a violet blaze

sábado, 26 de junho de 2010

always the hours

"Não, agora nunca mais diria, de ninguém neste mundo, que eram isto ou aquilo.Sentia-se muito jovem; e, ao mesmo tempo, indizivelmente velha.Passava como uma navalha através de tudo; e ao mesmo tempo ficava de fora, olhando. Tinha a perpétua sensação, enquanto olhava os carros, de estar fora longe e sozinha no meio do mar; sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse."

(Mrs Dalloway, Virginia Woolf)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

o mundo é grande e a salvação está ao virar a esquina

Nessa imensidão não há para onde fugir, pela janela o mundo é vasto, mas o espaço que me é permitido é extremamente apertado, há sempre alguém espiando. Vejo luzes, ouço o barulho que vem de fora e desejo me transportar para qualquer lugar, que seja menos apertado, sem essa maldita tv, sem essas pessoas. Um lugar que não seja familiar, mas que mesmo assim eu possa fugir sem me perder.

Essa imensidão de carros, luzes, gente, bichos, de drama, de amor, de ódio, de paz, de morte. Essa imensidão de possibilidades, de ações. Não gosto de sentimentos contidos em poucos metros quadrados, gosto de coisas vivas.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Penso que poderia ganhar a vida jogando poquer, ou viver em uma fazenda para plantar o que vou comer. Ou assaltaria bancos, pediria caronas na estrada e viveria como num road-movie. Abriria um restaurante, seria uma sub-celebridade, iria fazer sucesso em qualquer lugar remoto. Conheceria o mundo, mudaria de nome e por aí vai.

não vejo uma maneira de conseguir o que quero.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A chuva fininha de sempre, no céu escuro. Parece que nada vai passar, o tempo parou e as pessoas insistem em continuar caminhando para o nada. Uma segunda feira tão tipica, lembro-me bem de tantas iguais a essa. Lembro de estar exatamente nesse lugar (essa lan house) , fugia de algo, mas não fugia de mim, e hoje é isso que quero fazer, só posso fugir de mim mesma, porque o resto simplesmente fugiu de mim sem que eu notasse. Fico aqui, nesse dia notoriamente horroroso, fazendo de conta que não tenho mais nada para fazer ou nada de importante para pensar, mas não quero perder meu tempo, nesse dia tão nostálgico, pensando sobre qualquer coisa complicada demais, tipo meu trabalho de antropologia.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Minhas malas já estavam prontas, mas uma responsabilidade enorme pesava. Eu tenho que ficar, para depois ir para um lugar que eu não suporto, mais conhecido como casa do meu tio, onde terei que aturar tantas coisas que me dói até de pensar. Às vezes tenho minhas dúvidas de qual é o meu real dever como filha, sobrinha ou neta, hoje tenho que me submeter porque sou sustentada, mas me pergunto se as coisas realmente irão mudar quando eu ganhar meu próprio dinheiro.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

choque

Minha mãe achou meu maço de cigarro na bolsa ontem.
Hoje ela disse que tá ok, até fumou um e achou melhor que o que ela fuma, também disse que eu não precisava ter comprado um maço, era só pedir um cigarro para ela.

Às vezes desconfio dessas intenções.

!

You have been warned, I'm warned to be contrary
Backward at school, I wrote from right to left
Teacher never cared for me
Preacher said a prayer for me
God help the girl, she needs all the help she can get

sábado, 12 de junho de 2010

escrito dia 12/06, em uma folha antiga.

Penso que nesse exato momento estou nostálgica, para encontrar essa folha tive que fuçar em um fixário rosa, da Hello Kitty, cheio de anotações sobre aulas inúteis. Algo me fazia falta na época, e algo faz agora também. Falta contato, afetividade, companheirismo e talvez, distrações. 2006 foi o mais dificil, e já que tenho mania de dividir e compara coisas, cá estou em 2010, naquele ano eu ia assistir aos jogos vestida de verde e amarelo, ia na casa de alguém, iamos juntas e gritando, assoprando nossas cornetas e com os rostos pintados, a cidade era nossa naquele momento, tinhamos aquilo e tinhamos, principalmente, umas as outras, ainda havia aquele elo de confiança adquirido com muitas dificuldades e intrigas de pré-adolescência. Tanto faz quem perdia ou ganhava, perdiamos os gols porque estavamos interessadas em comer alguma delícia proibida numa tarde de semana.Só que sempre faltou algo, o vazio estava lá, algo acontecia naquele ano e eu não conseguia explicar. Agora me falta tudo, assistirei ao jogo por inércia, por falta de algo melhor para fazer, dessa vez não haverá companheirismo ou quitutes, somente o mesmo vazio.

tirado de um blog meu

"terça-feira, 12 de junho de 2007

"Remember me, special dreams"

Nunca pensei que ficar sem ouvir música na aula pudesse fazer tanta diferença.Ontem meus fones de ouvido quebraram e não deu tempo de comprar um novo para eu usar hoje, deixei o ipod em casa.
Se eu ouço musica, eu não ouço besteira e tenho desculpa para não conversar, mas além das besteiras de sempre, hoje é dia dos namorados, péssimo dia para eu estar sem os fones.Eu já sabia que estaria me sentindo assim hoje, mas não tinha nenhuma musica para me "confortar".Pensei até em não entrar na escola e ir para a praia, eu sempre faço as coisas certas, talvez só hoje eu pudesse fazer diferente, minha comemoração seria estar sozinha e não ouvir nada sobre esse dia, mas eu fiz tudo certo e fui para aula, ouvi o de sempre e mais o que eu esperava ouvir hoje, até ganhei camisinha e um folheto falando sobre sexo seguro!
Ano passado, nesse mesmo dia, mesmo sabendo que já estava acabando eu ainda tinha alguém que dizia que me amava, e faz exatamente um ano que ouvi isso de alguém de verdade que não fossem meus pais, estou começando até a desacreditar.

(ainda bem que comprei fones novos)"

Pois é, desde então muita coisa mudou.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

sem sentido

Vejo algumas coisas antigas que escrevi, bem mais antigas do que esse blog. Parece tudo bem bestinha, no diminutivo mesmo, para dar a graça de coisas escritas na adolescência (a anterior a essa) . Lembro de um período em especial, que foi ruim e terrivelmente libertador, não havia mais negação, teria que arrumar algo mais para esconder, mas as coisas iam brotando e eu nunca consegui esconder nada por muito tempo, fosse por vontade ou por pura falta de atenção. Amei várias, ao mesmo tempo e de maneiras diferentes, mas me rendia somente naqueles lugares fora de contexto, conhecia alguém, beijava e estava sem estar, queria algo mais, que fosse longe, fora , que não se encaixasse, que fosse absurdamente diferente do que eu era, acho que sempre quis algo que fosse fora do alcance para poder ter alguma graça. Até hoje é dificil de explicar a ansiedade que me consumia, a curiosidade, desejo, amor. Gostava muito do meu quarto, porque era lá que a coisa acontecia, era somente eu descobrindo algo totalmente novo, fossem em silêncio ou com música, no escuro ou no claro, era eu quem estava lá, tinha o controle, eu que me tocava. Também era lá que chorava em silêncio por tudo isso, não podia deixar que me vissem fraca, e daí que nunca mais deixei para que não tentassem me curar novamente. Em uma dessas coisas que escrevi com tanto carinho, vejo a palavra vergonha escrita inúmeras vezes, não era vergonha do que eu era, mas vergonha de amar, porque algum dia me enfiaram na cabeça que amar é sinônimo de fraqueza, e agora que já não acho que amar me torne mais fraca, tentam, e eu mesma tento me convencer de que o amor é uma construção social

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Minha mãe tem um arquivo no computador salvo como "Lari careca", toda vez que abro os meus documentos me dou de cara com essa foto, que foi uma das primeiras que tirei quando raspei os cabelos e que serviu para toda a minha família me criticar insesantemente. Não consigo entender o porque de tanta encheção, é apenas cabelo, é apenas o meu corpo e os motivos que me levaram a fazer isso são só meus. Eu não preciso de uma injeção de auto-estima, porque ela tá ótima, eu não preciso compensar o meu cabelo usando roupas super chamativas ou de uma escova progressiva de presente por ter um cabelo comprido, do jeito que as outras pessoas desejam para mim. Detesto até vir aqui e escrever isso apenas por causa de um cabelo, porque eu me sinto bem quanto a minha aparência fisica, sou bonita assim, do jeito que eu quis e não me importa se uma meia-duzia não ache.

terça-feira, 8 de junho de 2010

domingo, 6 de junho de 2010

Uma vez eu contei uma mentira grave, disse para uma menina de 8 anos que o mar se recolhia à noite, conforme a maré baixava. Eu disse bem assim:
-Tá vendo aquela linha ali? Bem longe? Lá é o fim do mar, é para lá que ele vai para descansar, mas quando a gente voltar aqui amanhã, ele já vai estar de volta.
Mas aí ela hesitou e perguntou:
-Mas por que no ano novo a gente veio aqui à noite e ele tava aqui?
Fui sagaz e disse:
-É porque é um dia de festa, e o mar também quer participar com a gente.

Lembrei disso no fim da tarde, quando fui levar uma "tapóer" para uma amiga da minha mãe da outra rua, já que estava de bicicleta, resolvi ir até a praia, o mar estava bravo, mas a maré estava baixa, parecia que ele ia se recolher para o merecido sono, porque ele nunca para, as pessoas sempre estão lá para admirar, ele tem a enorme responsabilidade de refrescar quando as pessoas estão com calor, de ficar alegre com turistas na temporada, com trazer calma para as almas perdidas que aparecem lá nos fins de tarde de feriados gelados, às vezes ele leva algumas pessoas, outras vezes elas deixam ser levadas. Eu sempre sonho que ele me prende, ele sempre me leva, mas acho que ele é sádico, sempre me dá esperanças de conseguir nadar até a margem, mas sempre manda uma de suas ondas me sugarem de volta, deve gostar de ver meu desespero ao bater as pernas e braços, em puxar o ar. Então me entrego, deixo que me leve. Acordo tentando respirar todo o ar do mundo de uma só vez, procurando partes minhas que ficaram nos caminhos, que nunca foram muitos, procuro coisas que me apontem o que me fez ser o que sou agora, mas eu também já não sei.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O mesmo céu

O mesmo céu branco
das tardes de outono
das tarde perdidas
em um quarto escuro
ou em uma praia

as horas que corriam
com as folhas e os pingos gelados
num meio de transporte esquisito
chamado de bondinho
que sempre atravessava a ponte

às seis da tarde
depois do inglês, do francês
ou depois de matar o tempo
em algum lugar vago
com faces conhecidas

era o padeiro, a professora
o padre, a prima da fulaninha
a dentista, o pasteleiro
o médico, o bêbado
a louca e as estudantes

sempre as mesmas faces
nos mesmos lugares
perdidas onde a maresia tem poder
ela enferruja as pessoas
e aí pensam que está tudo bem

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dessa vez não teve grito de redenção, desci do ônibus novamente em uma rodovia já conhecida. O dia também estava nublado, um dia realmente muito feio, daqueles sem um motivo a mais para seguir. Eu realmente não queria chegar ao meu destino, mas estava com vontade de fazer xixi.
Essa é a primeira vez que venho para cá sem ter a minima vontade, estou aqui sem ter um dia certo para voltar, me forçaram a estar aqui, e ficam pentelhando. Em algum post já disse que a graça é voltar para cá depois de longos períodos, gosto de testar meus limites. Fico em Marília até quando posso, dois, três ou quatro meses, aí faço uma burrada e fico duas semanas aqui.
Agora estou aqui, numa cidade que parece ser amaldiçoada, principalmente nessa época do ano, onde o céu fica escuro às 17:00.


Amanhã é o feriado mais colorido do ano, quando criança gostava de colorir os tapetes para a procissão, meus tapetes nunca tiveram temas religiosos, eram apenas cores, na verdade a graça era a sujeira de café, cascas de ovo e areias coloridas. Mas um dia o padre decidiu que os tapetes teriam que ser feitos em formas gigantes de madeira, com desenhos exclusivamentes religiosos, e de repente um dia tão colorido começou a representar dor, nunca entendi o porque de cultuarem um Jesus pregado e sofrendo, já que o barato do cristianismo é dizer que Jesus é amor. Os tapetes eram uniformes, eram cruzes, pombas e Jesus morrendo, eu realmente não entendo.