sexta-feira, 11 de junho de 2010

sem sentido

Vejo algumas coisas antigas que escrevi, bem mais antigas do que esse blog. Parece tudo bem bestinha, no diminutivo mesmo, para dar a graça de coisas escritas na adolescência (a anterior a essa) . Lembro de um período em especial, que foi ruim e terrivelmente libertador, não havia mais negação, teria que arrumar algo mais para esconder, mas as coisas iam brotando e eu nunca consegui esconder nada por muito tempo, fosse por vontade ou por pura falta de atenção. Amei várias, ao mesmo tempo e de maneiras diferentes, mas me rendia somente naqueles lugares fora de contexto, conhecia alguém, beijava e estava sem estar, queria algo mais, que fosse longe, fora , que não se encaixasse, que fosse absurdamente diferente do que eu era, acho que sempre quis algo que fosse fora do alcance para poder ter alguma graça. Até hoje é dificil de explicar a ansiedade que me consumia, a curiosidade, desejo, amor. Gostava muito do meu quarto, porque era lá que a coisa acontecia, era somente eu descobrindo algo totalmente novo, fossem em silêncio ou com música, no escuro ou no claro, era eu quem estava lá, tinha o controle, eu que me tocava. Também era lá que chorava em silêncio por tudo isso, não podia deixar que me vissem fraca, e daí que nunca mais deixei para que não tentassem me curar novamente. Em uma dessas coisas que escrevi com tanto carinho, vejo a palavra vergonha escrita inúmeras vezes, não era vergonha do que eu era, mas vergonha de amar, porque algum dia me enfiaram na cabeça que amar é sinônimo de fraqueza, e agora que já não acho que amar me torne mais fraca, tentam, e eu mesma tento me convencer de que o amor é uma construção social

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