quinta-feira, 6 de maio de 2010


Entraria no mar, mergulharia e arregalaria os olhos, veria aquele outro mundo, por um tempo não haveria maldade, não haveria qualquer outra pessoa, não haveria céu, chão ou ar. Faltaria o ar, mas aí não pareceria mais tão necessário, faltaria mais ar, e aí, tiraria a cabeça da água e sentiria todo o ar do mundo, toda a maldade, tudo de novo. Mergulharia de novo, infinitas vezes e as ondas passsariam por cima de mim, faria um esforço enorme para conseguir ficar lá dentro mais tempo, cada vez mais, até que não houvesse mais necessidade de oxigênio. Sentiria o sal na pele, na boca e nos olhos. Sentiria o gelo da água da manhã com os primeiros raios de sol me cegando, poderia também sentir o quente da água do fim da tarde, com os últimos raios de sol se escondendo. Me afogaria, como no sonho onde ninguém me salva. E então, um suspiro aliviado de quem não tem mais ar.

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