terça-feira, 18 de maio de 2010

Fiction

Já estava na garagem do prédio mas precisava voltar para pegar um sutiã especial que havia ficado no apartamento. Entrou no elevador e apertou o número 7, as portas se fecharam e ela num instante desabou, se afogou em lágrimas e soluços, chorou pela própria existência banal, pela estupidez humana. Sabia que havia uma câmera e que talvez o porteiro a estivesse vendo, mas não ligava, há muito tempo não fazia isso. Há algum tempo que só sabia chorar em silêncio e muito bem escondida, afinal, achava muito desagradável alguém que nem conhecia direito chorar na sua frente pois ficava totalmente sem reação. E lá estava ela, chorando num elevador que poderia parar em qualquer andar para qualquer outra pessoa subir. Ninguém entenderia, pois nem ela entendia nada naquele momento. Não precisava de profissionais, Jesus , ou qualquer tipo de salvação, não quero colo ou cafuné, não agora. Precisava de alguém que soubesse ficar em silêncio. A essa altura qualquer pessoa que estiver lendo isso percebe que essa história não é tão ficcional assim e que a personagem desse pseudo-conto sou eu, como em tudo nesse blog, porque devo ser egoísta e egocêntrica, ao menos foi isso o que sempre me disseram. No meu 2° acesso de choro do dia, dessa vez no carro, me disseram sutilmente que eu tô desse jeito (e alguém sabe o jeito que eu tô, ou como eu deveria me sentir com a minha própria vida?) porque eu nunca assumi nenhuma responsabilidade na vida. De fato, detesto responsabilidades, me manter viva já me parece uma grande. Não foi a responsabilidade ou cansaço que me libertou hoje para poder chorar sem medo, não sei o que foi e não quero saber. Me sinto mais leve apesar do peso enorme que é ter que estar ou parecer estar sempre bem. Sobre a postagem anterior, da criança recém-nascida, foi apenas o que senti na hora, e sim, o sofrimento de existir é inevitavel, mas não odeio crianças ou algo do tipo, pelo contrário.

2 comentários:

  1. talvez essa realidade seja uma tremenda ficção. e um dia, talvez, quando descobrirmos outra realidade, poderemos deixar de chorar e fingir.
    e apenas sorrir...
    será possível?
    acho que não.

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  2. É bom chorar em lugares públicos....é de certa forma libertador, ao passo que constrangedor, mas nada mais é do que a expressão viva do que você está sentindo! Não se reprima por isso...

    As vezes me pergunto: por que chorar em público é tão repreendido e sorrir não o é? Poxa, são ambos expressões do que se sente. Não vejo mal algum!

    E chorar sem motivo é tão bom quanto sorrir sem motivo, seja qual for a "verdadeira" realidade em que se vive.

    Fingir não é um bom negócio para si mesmo.

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